Segue o relato na versão do pai da Menina Natalia.
Esse depoimento aí escrevi em 08/10/1992. Hoje em 08/01/2019. vou pensar...
Então: No Domingo fui muito triste e pensativo para o posto Siebra de propriedade do meu pai, ainda chorando muito, pensei em ligar para o meu irmão Walfran que morava em Brasília, que na época era Agente da Polícia Federal e liguei e contei a história... ele então me falou, "Zezinho meu irmão, se prepare, pois se isso for coisa de gente amadora a Natália pode já está morta" Eu disse: meu Deus... Walfran por quê? ele disse "pois gente sem experiência em sequestro se agonia e, pensando que vai ser descoberto, faz isso... Aí foi que aumentou meu sofrimento... Quando foi no Domingo pela manhã meu pai e o Alcy entraram em contato com o Francisco Aguiar, que na época era Deputado Estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, ele era muito próximo ao governador Ciro Gomes. O Chico Aguiar ligou, falou com o governador, então o Ciro falou com o secretário de segurança para mandar pra Camocim a polícia especializada Anti-sequestro. Chegaram rápido, por volta das 12hs do Domingo, pousou um avião com os policiais. Foram logo pra casa do saudoso Alcy, avô materno da Natália. Lá instalaram um aparelho de escuta no telefone do Alcy e começou a investigação. Todos eram suspeitos para os policiais. Eu, o pai, minha família, meus familiares, Meu Pai, Sogro, Sogra, amigos... São as primeiras pessoas investigadas em um caso de sequestro ou coisa parecida, de onde que começa a investigação. No Domingo ainda , a tarde, elas voltaram a ligar e falaram que afastassemos a polícia pois se não iam matar a menina... e depois não ligaram mais, pois souberam que tinha polícia de Fortaleza em Camocim.
Lembro que um dos ivertgadores sempre me falava "rapaz sai daqui vai procurar tua filha", eu fiquei puto com ele e disse, Rapaz quem é pra procurar é vocês, polícia... Sei que ainda no Domingo, O meu amigo do Banco do Brasil juntamente com outro amigo meu, o Luiz Gustavo foram no mercado de Camocim pedir aos comerciantes dinheiro para ajudar na quantia que foi pedida pelos sequestradores, uma parte dos comerciantes na época contribuiu, mas um comerciante muito bem sucedido, tinha e ainda tem muito dinheiro e na época era uma pessoa muito próximo a Família Albuquerque, sempre estava na casa do Alcy, o Assis foi no grande comércio dele e pediu emprestado para na Segunda devolver, quando o Banco do Brasil abrisse e ele disse que não tinha como arranjar... fiquei assim, meu Deus não acredito... Pois ele era muito amigo da família, mas tudo bem. Consegui ainda 7000 cruzeiros na época.... Quando foi na segunda meu pai não tinha toda a quantia e nem o Alcy pois era muito dinheiro. Lembro que na época dava pra comprar 4 D20 novas.
Foi então que meu pai falou com o Dep. Chico Aguiar e ele fez um Cheque do Banco do Brasil e o Gerente troxe o dinheiro pra casa do Alcy em uma caixa grande, era tanto dinheiro que passamos a segunda pela manhã inteira marcando as cédulas. Mas nunca mais ligaram pedindo dinheiro.
Como começou a descoberta e o desfecho do caso? Em Camocim poucas pessoas sabiam que a Vânia tinha viajado, mas como algumas pessoas sabiam pra onde ela tinha ido... (eu pelo menos não sabia, soube depois) com o passar do tempo eu ouvi falar que ela ligou de Cabo-Frio para o Microcim telefônico, um posto de ligação que prestava serviço de ligação para pessoas que não possuíam telefone em casa, pedindo pra falar com a mãe dela, pois morava vizinho ao posto telefônico e perguntou à pessoa que atendeu como tava o caso da Natália e a atendente disse "aqui tá um desespero é muita polícia..." ela (Vânia) disse "nossa a Natália ainda não apareceu?" quando a mãe dela terminou de falar e ia saindo, segundo a atendente, disse "meu Deus!" e saiu. No posto telefônico tinha um bina e a atendente ligou imediatamente para a polícia e deu o número que ela tinha ligado. Então o Delegado Dantas sumiu de Camocim e eu perguntava por ele e os policiais diziam que ele tava em campo e que a qualquer momento se desvendada o caso. Foi quando na Sexta-feira a Luíza, a outra envolvida no sequestro, foi dormi na casa do Saudoso Neném Lucio, e falava que tinha uma coisa pra contar mas tinha muito medo de falar, mas o Saudoso Neném Lucio disse que ela ficasse tranquila e falasse, que ele não contaria nada pra ninguém, foi aí que ela resolveu abrir a boca e contar; disse que era sobre a Natália, falou que elas haviam atraído a menina para a casa da Vânia e que tinham matado a criança, contando detalhes sobre o crime. Depois que ela terminou, ele deu uns comprimidos antidepressivos a ela, no que ela dormiu e ele foi na delegacia relatar o caso. Foi aí que terminou para a polícia o mistério sobre o sumiço e sequestro da Natalia. No Sábado também o delegado Dantas viajou para a cidade de Cabo Frio no Rio de Janeiro, para prender a Vânia e trazê-la de volta para o Ceará. Quando o delegado chegou na cidade, encontrou a mentora intelectual do Crime com um namorado na praia, muito tranquila, como se não tivesse cometido um crime bárbaro com requintes de crueldades e sem piedade, uma verdadeira Sádica.
Daí correu o processo, o julgamento e a condenação das três criminosas e da mãe de duas delas por ocultação de cadáver.
Na condenação, a sentença foi de mais de 20 anos, mas como a lei prevê, cumpriram apenas um terço da pena e foram postas em liberdade. Hoje vivem suas vidas como se nada tivesse ocorrido, inclusive já estiveram na cidade de Camocim, embora que com disfarces para não serem reconhecidas.
Não "pagaram" pelo crime que cometeram. Mas da justiça divina ninguém escapa.
Esse foi o relato resumido, que contou o final, o desfecho do Caso Natalia, segundo a versão do pai de Natalia.